terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Uma reflexão filosófica de um caro Colega

Meu caro amigo,
As instituições brasileiras ligadas de alguma forma ao ensino vivem um momento delicado de afirmação. Naturalmente que tal ancoragem não versa sobre a instalação física de um edifício que dissemina informações de áreas específicas de saber científico. Basta pensar, em existências de fato e de Direito.
A academia – termo que remete ao centro de cultura e pensamento do mundo clássico – fala para além de suas portas, tem impacto regional, mas, sobretudo, espiritual no amálgama de suas transições; o que não obsta a preservação, até certo ponto, impreterível para conservação de sua prospecção também fora e a fundo do ludismo do tempo para poder pensar para além das fronteiras cerceadoras das conjunturas históricas, que podem impor um grilhão ao teor investigativo comum àqueles que se propõem a compreender o que podem, da desafiadora e enigmática realidade que cerca as pessoas.
Sinuoso, portanto, o projeto existencial, exige ao que dá curso à caminhada fixação e ultrapassamento das fronteiras previsíveis do conhecimento enquanto em harmonia com o espírito epistemológico, bem como no transbordamento e avanço ocasionado pela pesquisa tão valiosa para o contexto acadêmico.
Visitei a página e devo dizer que a apresentação e conteúdo, trazendo Clarice em primeira leitura denota, de plano, feliz sensibilidade, conjugando pensamento, arte, literatura e Direito - perfeitamente compatíveis - que, ao seu modo, reintegram à vida em um contexto em que se dá alijado o espírito.
Externar deste modo enseja o originário de fenomenonológicos aquilianos, por assim dizer, de sermos afeiçoados ao mundo da vida, lembrando não unicamente Husserl, bem como Dilthey de que é preciso voltar ao sentimento de vida.
Meu prezado professor, lançados e, assim neste dasein, bem como no humanismo existencialista, estamos irresistivelmente obrigados a ser livres e, em consequência, nesta liberdade, dispondo ontologicamente da causalidade dos próprios atos, projetamos sempre um sentido,. O que faz lembrar inclusive e oportunamente O sentido e o valor do Direito do Bráz Teixeira. Por isto, acredito que seja também este o tanto de fomento que, para esta casa (UNI-RIO) desejamos.
Sempre a alimentar a perspectiva a que o lusitano mencionado acima se preocupara em destacar e que deve florescer de contínuo em uma faculdade de Direito, vale outra lembrança, em reflexão, mencionada também por Jean Brun: florescem as flores porque é primavera, ou é primavera e, por conseguinte, desabrocham as flores. Requer-se, portanto, como funcionários da humanidade conhecermos o quão somos protagonistas não do domínio da natureza e das coisas, de uma simples atenção ao que para servem, mas, sobretudo, da compreensão do mundo da vida (Lebenswelt).
Estimo que sua presença na UNI-RIO se concretize de modo cada vez mais intensa e seja marco para novos horizontes. Considero o colega devidamente preparado, qualificado e acompanhado por outras personagens do cenário do conhecimento, que podem colaborar para enriquecer cada vez mais um projeto comprometido e fortalecedor da Instituição, seja nos segmentos que ela mesma demonstrar pleito à cooperação, bem como naqueles em que ela mesma irá se deparar com o bom inusitado, que acrescenta bem antes de conhecer de sua apropriada e oportuna assimilação.
Abraços,
Getúlio N. Braga Júnior
Dr. em Filosofia pelo IFCS-UFRJ

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