sábado, 8 de dezembro de 2012

Meu outro blog com uns poemas de lá


E aqui vão uns poemas extraídos do meu velho blog
 
Heráclito-nietzscheana
 Só a impermanência é duradoura
o perecimento é eterno
o ser não há de ser nada de ser nada de ser
o si é outro de ser si mesmo
bem e mal alternando-se e invertendo-se incesssante-mente
o amor é ausência de dor
a dor é a cor a bordo de auréolas flamejantes
E só. 
P.S.: Um po(p)ema que (se) justifique um dia ou toda uma vida.   
 
 
Wittgensteiniana



Não é estranho


que haja um número tal


o qual a si mesmo somado ou 


por si mesmo multiplicado


dê o mesmo resultado?


Será que estaria aí algo a ser
descoberto


sobre a natureza dos números ou


das operações matemáticas?


E para fazer tais descobertas,


ajudaria verificar que


o número anterior,


somado a ele resulta no número
posterior


e por ele multiplicado


tem a si como resultado?


E que seja zero o próximo
número na escala descendente


assim como idêntico será o
resultado


de toda soma e multiplicação:


infinito?


Identidade, 


diferença, 


vazio, 


infinito:


poética 


matemática.


 


P.S.: Imagine uma forma de vida
tão simples que não conhecesse números, mas apenas as palavras “pouco”, para
quantidades de até quatro unidades, e “muito”, para o restante. Não seria esse
um mundo mais feliz?


 


Fortaleza (Praia do
Mucuripe), 24.12.2008.

 
A(l)inda minha cidade.



Ah, essas manhãs, tardes e noites familiares da cidade
natal,


 


a continuidade de outras ancestrais que nelas estão ainda,
estando no mesmo lugar,


 


ouvir ainda o marulhar de ondas entre barulhos de uma cidade
agora grande e ainda selvagem,


 


lembrar do avô, postiço – padrasto de meu pai -,  em nada parecido a um cauboi do faroeste, e
ainda assim de revolver na cartucheira, com seu olho verde, assustador,
postiço, de vidro – alvo de  fraternal
tiro acidental (?) -, a vender urubus, louros postiços - nada mais que os de
sempre, carregados nas tintas -, perfeitamente à vontade, na praça da cidade
que era mais dele do que de qualquer outro de meus verdadeiros ancestrais,


 


rever as ruas que ainda têm os mesmos nomes de personagens
que então já eram desconhecidos e agora o são ainda, e ainda mais, mais ainda,


 


vagar ainda à beira-mar, por onde antes nada mais havia do
que areia, e agora calçadas conhecidas internacionalmente aplainam as
caminhadas inúteis dos endinheirados habitantes de envidraçadas colunas de
cimento, rigidamente enfileiradas, em patético pelotão...


 


e ainda olhar o mar, sentir o mar, beber o mar, até quase –
e por que não? - ainda afogar (ao sol ardente que na praia resseca, inocente,
seculares tartarugas marinhas, encalhadas misteriosamente).

 
Anônimo

(Um poema que encontrei na minha caderneta - mas juro que não fui eu quem fez, ou, pelo menos, que não me lembro...)

Sou um animal sentimental


me entrego facilmente


ao que desperta o meu desejo


 


Tente me obrigar o que eu não quero


e você vai ver o que acontece


 


Acho que entendo o que você quis me dizer


mas existem outras coisas


conseguir meu equilíbrio


cortejando a insanidade


 


Tudo está perdido,


mas existem possibilidades


 


Tínhamos a idéia,


mas você mudou os planos


tínhamos um plano,


você mudou de idéia


 


Já passou, já passou


Quem sabe outro dia


Antes eu sonhava


Agora já não durmo


 


Quando foi que competimos pela primeira vez?


O que ninguém percebe, é o que todo mundo sabe


Não me vem com egoismo


falávamos de amizade


 


Não estou mais interessado no que sinto


Não acredito em nada além do que duvido


Você espera respostas que eu não tenho,


mas não vou brigar por causa disso


Até penso duas vezes se você quiser brigar


Minha laranjeira verde


por que está tão prateada?


Foi a lua dessa noite


no sereno da madrugada


 


Tenho um sorriso bobo


parecido com soluço


Enquanto o carro segue em frente


com toda calma do mundo.
 
 

Poemicídio
 
(Esse é meu - mas não se assustem: é apenas um estado poético...)

Ficar só, não deixa de ser

 


uma forma de suicídio


 


“sócio-cídio”, “alter-cídio”, “si-cídio”


 


e se disso se faz um poema


 


se se faz um poema


 


só é poema


 


se digo ser poema


 


pois não há


 


poemicídio


 


e nem sou


 


poemicida.

 
 
Princípio antroentrópico



Princípio entrópico: tudo no universo tende à
desorganização.


 


Princípio antrópico: todo o
universo só faz sentido se tende à formação de seres conscientes, humanos.


 


Princípio antroentrópico: toda
organização no universo decorre da observação de seres conscientes,


desejantes, falantes, humanos.


 


Conclusão: só para esses seres há
mundo, vida, morte e tudo o mais que organizam, mesmo sem saber, pela
linguagem.


 


P.S.: Princípio enteotrópico: a
criação do verbo é divina, pois está além (e aquém) de toda compreensão.

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