sábado, 8 de dezembro de 2012

O Manifesto que escrevi com o Warat (contra os pinguins)


MANIFESTO DA CÁTEDRA LIVRE E MULTIVERSITÁRIA DE FILOSOFIA, ARTE, DIREITO
ANO CLARICE LISPECTOR (2008)

            Do que se trata é:

1)     de libertar, libertar-se e libertarmos (d)as cátedras universitárias, que em nome de supostas verdades se apoderam perversa e disfarçadamente de nossas sensibilidades, realizando a mais cruel biopolítica dos corpos e afetos. Deste modo, aparecem as cátedras universitárias como instrumento da dominação governamental, donde, como catedráticos, a nossa recusa em permanecer no jogo sujo do controle de mentes por conceitos e preconceitos, praticado por máfias de delinqüentes acadêmicos, muitas vezes através de reivindicações morais, como se fossem verdades – duplo falso vínculo;
2)     de encontrar os saberes que circulam nas ruas, nos terreiros e quintais de comunidades excluídas desde tempos imemoriais, nos bares, nas quadras esportivas transformadas para o Carnaval, nos leitos e nos  peitos (com saudável saudade do saber e do sabor da primeira mamada);
3)      de revisitar  Artaud e seus duplos, seu Teatro da Crueldade, seu Suicidado da Sociedade, através de experiências como as do Teatro Oficina de Zé Celso Martinez Correa ou o cinema de Luiz Alencar, para o encontro radical com os outros pela dor e o ódio, descobrindo-os em si próprio e a si mesmo, neles e por eles: a ginástica emocional como prática de vida compartilhada;
4)     de fugir da estereotipização kitsch dos lugares comuns para ir abrindo os caminhos da autonomia
            O que queremos:
       5) fusão cósmica de corpos, materiais, sensações, vivências, sem exclusão da morte;
     6) espaços, reais e virtuais, para práticas (auto)educativas revolucionárias, por voltadas para a             intensificação da qualidade de nossas vidas humanas, experimentando mais e mais,             infinitamente mais o que nos oferece essa possibilidade de ser: uma pedagogia baseada em      toda uma outra concepção do ensinar, aprendendo sem que ninguém ensine, mas por uma    ajuda mútua para o aprendizado, pela generosa troca de saberes, a fim de romper com a           burrice da erudição como fim em si mesma.
    7) saberes inventados, produzidos nos campos e nas ruas, muitas vezes revelados pela indignação e violência  dos arruaceiros  -  e não simplesmente achados ou descobertos, para em seguida       serem pasteurizados e mumificados em conceitos, pois deles não estão tirando proveito           nem    sequer os próprias produtores, ao não serem reconhecidos e nem se reconhecerem como tais;
       8) propor uma experiência de universidade que deixa de ser unicamente aquela construída entre as 4 paredes sólidas de salas de aulas, institutos, laboratórios e departamentos, em um         campus bem demarcado, para que ela se pulverize capilariamente por todos os lugares em       que ela se deixe penetrar: uma universidade nômade, como um circo mambembe , teatro de   arena, ou cabaré mágico, da rua, dos bares, dos lares, dos campos e mares.
                                   Um duolírio matutino de LAW e WSGF para quem quiser aderir (e ampliar).
Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2007.

3 comentários:

  1. Caro Willis, e lá se vão 5 anos, em tempos de revoluções à velocidade da luz e nossas universidades continuam no medievo das fogueiras e da caça às bruxas... Mudanças já! Também aquela do Gilberto Gil do deus Mu-dança...
    Boas Sortes.
    Abrax.
    Belmiro.

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  2. A gestão do Willis terá certamente o caráter libertário e interdisciplinar de toda a sua obra. Sucesso!
    Abraços,
    Maria Francisca

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  3. Sucesso Willis!
    Grande abraço,
    Vanessa Hasson

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