sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Sobre o Debate entre os Candidatos à Direção da ECJ-CCJP-UNIRIO
                Mais do que debate, ou menos, o que tivemos ontem foi um embate. De um lado, eu e meus apoiadores, que se podia contar com os dedos de uma mão, entre docentes e discentes, sendo que dentre esses só se manifestou a Profa. Flora Strozenberg, com a firmeza que lhe é peculiar, resistindo e reagindo a insultos que recebia de colegas e discentes. Trouxe perguntas por escrito, para ambos os candidatos, que na próxima postagem transcrevo e comento. E do outro lado, o auditório lotado de estudantes, além de alguns docentes na primeira fila, em sua maioria identificados com uma insígnia azul e branca, as cores do Daafar, a caracterizar uma chapa branca (e azul), todos com muito ânimo e animosidade para me questionarem, basicamente, pelo fato de não comparecer às aulas com uma regularidade, pontualidade e assiduidade que eles próprios não costumam ter, sendo que em geral minhas ausências, para atender compromissos acadêmicos os mais diversos, por todo o País e também no exterior, a exceção de um breve período de exceção, foram devidamente supridas. Mas a massa, como sabemos por estudos clássicos, dos de Freud aos de Canetti, sem esquecer o de René Girard, sobre o bode expiatório, traz a coragem para fazer em grande grupo o que não se consegue fazer só, dissolvendo a própria identidade na identificação grupal, viabilizada pela violência canalizada contra o mesmo alvo. Muito interessante como se diziam desrespeitados sem perceber que antes haviam cometido desrespeitos, desrespeitos que como lhes disse, por uma questão de formação e história, não aceito e não “levo para casa”. Uma das estudantes, ao formular sua pergunta, contestou o que ninguém havia dito, ao negar que eram massa de manobra. Isso corresponde ao que o já citado Freud, em um texto clássico, assim intitulado, denominou de “A Denegação” (Die Verneinung), sendo o que ocorre quando, inconscientemente revelamos a verdade, ao negá-la, “de(s)negando-a”. O fato é que querem um diretor que fique no pátio conversando com eles, com quem possam conversar o quanto quiserem, à hora que quiserem: no caso de uma das estudantes, inclusive – aliás, diga-se passagem, das mais belas e brilhantes dentre as que tive a oportunidade de conhecer nessa década de docência na ECJ – namorar, noivar e, segundo anunciou o candidato, com fé em Deus, casarem. A Deus também foram dirigidas suas primeiras palavras, de agradecimento, talvez pelo milagre de se encontrar onde estava ontem. Em seguida, à Comissão Eleitoral, cujo modo como vem operacionalizando a consulta está sendo questionado por mim e encontra-se em análise pela Procuradoria da Universidade, de ordem do Mag. Reitor. E a propósito, ontem apresentou sua renúncia um de seus mais destacados membros. Mas vamos direto ao final, à pergunta que dirigi ao candidato opositor, se para ele seria correto sair da legalidade para entrar na legitimidade. Após titubear por uns instantes, dizendo não ver como as categorias poderiam se dissociar, talvez por não ter vivido como nós os mais velhos em tempos de ditadura, que tentava se legitimar com uma pseudo-legalidade, finalmente vem a resposta: “às vezes, sim, é um mal necessário”. Ora, seria um “bem necessário”, quando se tratasse da pseudo-legalidade ditatorial, mas o “mal necessário”, na época em que Carl Schmitt cunhou a fórmula referida, foi invocado e definido por Adolf Hitler. O fato é que a candidatura ao cargo de diretor de uma Escola ou Faculdade, de Direito ou seja o que for, no âmbito das Universidades Federais, está submetida a condições que o candidato adversário não atende, condições de elegibilidade, que a Comissão Eleitoral entendeu por bem considerar como condições de investidura ou nomeação para o cargo, transferindo assim para a Reitoria, a quem deveria auxiliar na operacionalização da consulta,  o que pode se tornar um grande problema para ela e para a unidade acadêmica em que se realizará a consulta, caso tenha como resultado um vitória eleitoral, esmagadora, de quem obteria assim a legitimidade contra a legalidade. Eu, de minha parte, deixei claro aos presentes e reitero aqui que aceitarei a minha nomeação mesmo que só tenha um, dois, três ou quantos sejam os meus votos, pois não vou ser conivente com o que vejo se tornar cada vez mais comum em nosso País, aquilo a que Foucault chamou de “práticas fascistas”, travestidas com o manto sagrado da democracia.

9 comentários:

  1. O sr. tem sérios problemas... assiduidade que os próprios alunos costumam não ter? pelo amor de deus... Milagre o Daniel estar sendo candidato a diretor? Milagre é você aparecer na Unirio. Você é uma piada, nada mais do que isso.

    ResponderExcluir
  2. Professor, com todo o respeito, parece que o senhor não viu o mesmo debate que eu. Fui com a cabeça aberta para o encontro de quinta-feira para ter uma ideia mais clara sobre os candidatos para analisar suas propostas e fiquei estarrecido com o que eu presenciei. Sua postura dentro e fora do recinto nesse dia causou, ao meu ver, muito desconforto por parte dos presentes.
    Não é propício de uma democracia um dos candidatos usar como artifício a violência, verbal no caso, desrespeito e uma postura de certo modo golpista, exemplificado pelo "vocês vão ter que me engolir" já no final do debate e pela explicação convincente do professor Daniel sobre o processo de impugnação.
    Além disso, achei o senhor bastante distante das aspirações dos estudantes na área das propostas e na própria postura dentro da sala de aula.
    Tenho um profundo respeito pelo senhor e seu inquestionável currículo, fato que que me deixou ainda mais indignado com sua conduta no debate. Espero que o senhor respeite o futuro resultado nas urnas para que a democracia seja preservada na nossa querida Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e que a Escola de Ciências Jurídicas possa prosperar.


    ResponderExcluir
  3. Ricardo André Náufel9 de dezembro de 2012 às 11:07

    Quero aqui fazer apenas um comentário, para sanar a injustiça de uma das frases aqui escrita pelo Senhor Professor. Em momento algum o Prof. Daniel Queiroz disse que às vezes é necessário sair da legalidade para entrar na legitimidade. Aliás, isto é completamente incompatíve com o que ele disse e que o Sr. mesmo reconheceu ter ele dito: que não via como dissociar estas duas categorias. Isto significa, em suas entrelinhas, que ele não crê possamos admitir um conflito real entre a legitimidade e a legalidade, no campo da deontologia. E é justamente neste campo, no do dever-ser, que o respeitável Prof. Daniel Queiroz pretende atuar, o que podemos verificar através de sua conduta proba e rspeitosa para com os alunos. Espero que não leve para o lado pessoal, Professor. Sempre lhe nutri muito respeito e já lhe tive muita admiração. Gostaria, de verdade, que o Senhor reificasse sua conduta e passasse a realmente respeitar os outros dentro da universidade, dos quais o Senhor tanto quer ter o respeito. O Senhor tem um currículo brilhante e atua em instituições notórias, mas, com todo o respeito, não tem cumprido suas obrigações acadêmcias a contento. Se há incompatibilidade de horários para o cuprimento de suas obrigações públicas, é seu dever constitucional e legal fazer a opção entre elas ou efetuar a redução de carga horária, para compatibilizar a acumulação de cargos. Do contrário, aí sim estar-se-á saindo do campo da legalidade, na tentativa ilegítima democraticamente de entrar em uma legitimidade baseada em méritos teoricamente fruíveis com a sua investidura no cargo de Diretor.

    ResponderExcluir
  4. Sinceramente professor, eu como aluna do primeiro período fiquei chocada com a postura do senhor perante a nossa faculdade e também a todo corpo docente e discente. Como alguém que acumula tantos títulos pode fazer um discurso político tão hipócrita, e ainda por cima se pautar na vida pessoal do outro candidato? Pensa-se que uma pessoa de sua envergadura e mínimo de razoabilidade, nem mesmo se candidataria ao cargo de diretor, uma vez que raramente é visto na faculdade para assumir sua função (a de dar aula) quanto mais de dirigi-la. É compreensível que o sr. desempenhe muitas outras funções, mas seria de bom tom e muito honesto, se se destituísse de um de seus cargos. Se o senhor olhasse um pouco mais para si, veria o papel vergonhoso que desempenha e o mau exemplo que dá a toda uma nova geração. Falta verdade e honestidade em suas palavras, vez que não condizem com a realidade. Gostaríamos de ter aula ao invés de debates sobre quem tem doutorado ou não. Não precisamos de discursos vazios e ofensivos e não queremos e não vamos engolir VSa. O senhor não é necessário no CCJP, e deveria ser denunciado.

    ResponderExcluir
  5. Eu quase escrevi algo similar aos colegas. Mas o Sr. Dr. Dr. Prof. Titular não merece.

    ResponderExcluir
  6. Pessoal, diante do que vejo não é possível ficar calado.
    Não quero defender o professor Willis, pois ele não precisa disso, mas apenas cumpro minha obrigação como estudante de direito preocupado com a Academia.
    É lamentável o que ocorre com o nosso ensino jurídico, e temos que assumir nossa parcela de culpa. Falo nossa pois eu mesmo já lutei muito por essa "causa". Ocorre que, apesar da dificuldade que isso importa, é necessário reconhecer e assumir nossa condição de alunos, e isso quer dizer que devemos BUSCAR o conhecimento. É impossível que este nos seja dado, transmitido por qualquer que seja a pessoa, e quanto mais se diz simplificar o direito, mais longe do direito estaremos.
    O direito não é fácil nem simples, e o conhecimento não é transmissível! Uma pessoa que nos mostre o caminho a ser trilhado e nos guie por ele pode ser um pai (no máximo um professor da pré escola), mas não um professor! Este deve ter um caminho muito bem trilhado e sedimentado, no qual possamos nos espelhar e que o mesmo tenha humildade e generosidade de não nos impor, apenas de nos fornecer como um parâmetro.
    E isto eu posso garantir que o professor Willis faz, e é por isto que ele merece respeito, pois ele, como poucos neste país, tem condições de fazer este trabalho, especialmente desempenhando uma função de direção.
    Espero que estejam abertos para receber estas palavras e poder pensar de modo mais próprio e crítico não só esta situação, mas perceber que o próprio ato de pensar traz consigo uma reflexão (in)consciente sobre a vida e nosso comprometimento com ela.

    Joaquim Eduardo Pereira

    ResponderExcluir
  7. "o conhecimento não é transmissível" está na lista das maiores besteiras que já li na internet. Meus Parabéns.

    ResponderExcluir
  8. Prezado Joaquim Eduardo Pereira, a título de ilustração. A apresentação do prof. titular dr.dr. consta que ele tem vínculo com "Universidade Federal do Rio de Janeiro " (FACULDADE NACIONAL DE DIREITO)... Ocorre que ele é da UNIRIO - Univ. Federal do ESTADO do Rio de Janeiro...

    ResponderExcluir